Wireless Mesh Networks, Una tecnologia que promete
A recente notoriedade alcançada pela tecnologia Wireless Mesh é sustentada, entre outros fatores, por características que suprem as lacunas deixadas pelas atuais tecnologias de acesso banda larga wireless disponíveis.
Mas o que é uma Rede Mesh? Baseada em um conceito popularizado no MIT, em uma rede Mesh cada ponto tem sua própria capacidade de roteamento, tornando a escalabilidade da rede (teoricamente) infinita, de maneira similar às redes Peer-to-Peer. Ao transformar cada nó e terminal da rede em um roteador, cria-se uma topologia na qual “quanto mais usuários/nós, maior a capacidade de roteamento da rede”. Assim, rompe-se a limitação ao crescimento imposta pelas topologias tradicionais. Uma Wireless Mesh é uma Rede Mesh que utiliza tecnologia sem fio tanto para a interconexão de seus nós quanto para o acesso de seus usuários.
Uma das vantagens propiciadas por estas redes é a facilidade de ampliação da sua área de cobertura. Tal fato se deve à interconexão sem fio entre os Access Points, que dispensa a agregação de tráfego cabeada (conhecida como backhaul) presente nas atuais redes Wi-Fi. Outra vantagem a ser citada é a resiliência a falhas em nós da rede garantida pela topologia em malha. Nessa, conceitualmente, cada nó se interliga a todos os outros de forma a garantir uma rota alternativa em uma eventual falha. Mobilidade também surge como fator diferencial, garantida pela utilização de técnicas de roaming que possibilitam a manutenção de conectividade ininterrupta mesmo com o usuário em trânsito.
Dessa forma, esta tecnologia apresenta características complementares a outra tecnologia que também tem ganhado notoriedade: o WiMAX. Ao somarmos itens como capilaridade e escalabilidade, mobilidade e grande capacidade de escoamento de tráfego, torna-se possível construir grandes redes wireless que podem trazer acesso ubíquo aos usuários conectados à mesma.
No entanto, o Wireless Mesh ainda enfrenta alguns desafios para uma adoção mais ampla e rápida. Um deles refere-se aos indesejáveis efeitos das interferências. Outro refere-se ao throughput apresentado pela rede que ainda precisa ser aprimorado. Por fim, o desafio mais relevante a ser destacado refere-se à falta de padronização tecnológica, que dificulta sobremaneira a interoperabilidade entre equipamentos de diferentes fornecedores.
A questão das interferências se deve à adoção de uma faixa de freqüência não-licenciada para a operação. Assim, os sinais transmitidos ficam sujeitos a interferências oriundas de outras fontes que também operam na mesma faixa, como por exemplo, hotspots Wi-Fi. Este ponto foi endereçado por alguns fabricantes de equipamentos que desenvolveram produtos com características visando à auto-gestão da radiofreqüência. Nesses, tanto a seleção das sub-faixas de operação como de nível de potência de irradiação ocorrem automaticamente de forma a mitigar os efeitos que prejudicam o desempenho da rede.
Com relação ao throughput, observou-se que o compartilhamento da mesma faixa de freqüência tanto para a comunicação entre access points como para a comunicação com dispositivos cliente gera uma sensível queda no desempenho da rede. A solução encontrada foi a adoção de uma segunda faixa de freqüência não-licenciada apenas para o tráfego access point – access point (backhaul), possibilitando desta feita o uso de faixas de freqüência dedicadas para cada um dos tipos de tráfego.
Quanto à padronização tecnológica, espera-se que os trabalhos da força tarefa IEEE 802.11s sejam encerrados no início de 2008, quando os padrões para a interoperabilidade entre equipamentos de diferentes vendors serão divulgados. Até o momento, duas propostas receberam maior atenção: o SEEMesh, apresentado pelo consórcio formado pela Intel, Motorola, Nokia, NTT Docomo, Texas Instruments e Firetide Networks, e o Wi-Mesh, apresentado pelo consórcio formado pela Nortel e Philips, entre outros. Em janeiro de 2006, ambas as propostas foram agrupadas de modo a definir o ponto inicial para as etapas finais da definição.
Contudo, mesmo com estes desafios, as soluções Wireless Mesh já vêm sendo adotadas por vários municípios ao redor do mundo. Segundo o Muniwireless (website especializado em redes metropolitanas sem fio nos Estados Unidos), mais de uma centena de cidades nos EUA já operam redes com esta tecnologia. Um exemplo é Mountain View, Califórnia. Esta cidade, que abriga a sede do Google, recebeu 380 access points para fornecer acesso gratuito à Internet a todos os seus habitantes. Em vários outros países esta tecnologia também já vem sendo utilizada. O case mais conhecido é o da cidade de Taipei, Taiwan, que implantou uma rede que cobre 90% de todo seu território com cerca de 10 mil access points. No Brasil, a cidade de Piraí no Rio de Janeiro já conta com uma rede Mesh de cobertura municipal, que é utilizada para o acesso à Internet e comunicação intra-órgãos governamentais.
Assim, a tecnologia Wireless Mesh já tem mostrado seus diversos benefícios em vários locais do mundo. E com a padronização e conseqüente evolução que estão por vir, espera-se uma adoção mais veloz e em escala mais expressiva, levando esta tecnologia a um novo patamar.
Eduardo Harada, consultor de Negócios e Tecnologia da Promon.
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